Agora ou nunca

Hoje me dei conta que todos os futuros intercambistas estão saindo de suas casas nesses próximos dias com uma mala e muitos sonhos. Daqui há alguns dias eles estão chegando nos países hospedeiros e não têm a minima idéia de que esse será o ano mais lindo e especial da vida deles. Mas eu não os culpo, porque eu também não sabia. Mas hoje eu sei.
Agora, eu penso nas muitas lembranças maravilhosas que eu tenho desse ano. Na nostalgia infinita que eu sinto e parece que domina cada pedacinho meu. Eu vejo uma bandeira da Sicilia na minha frente, uma declaração de amor no meu pé e memórias do que foi um sonho realizado.
Não sei se muitas pessoas vão ler esse blog, ou esse post. Não sei quantas delas estão indo de intercâmbio agora. Só sei que, quem quer que elas sejam, se me conhecem ou não, saibam que vai ser o ano mais difícil da vida de vocês. Os meses parecerem não passar, o tempo chega a ser insuportável. Você tem vontade de largar tudo, você não vai suportar cada defeito do seu país e muito menos deixar de lembrar a "perfeição" que o Brasil se tornou em poucos dias. O tempo vira o seu pior inimigo. Até o momento em que a língua do seu país passa a ser sua, como se você tivesse nascido falando ela. Até o segundo em que você se sente parte da sua família, e quando percebe a sorte que você teve de ser encontrada por ela do outro lado do continente. Até o momento em que você está em um avião embarcando e passando pelo portão de embarque e vendo as pessoas que fizeram parte do seu ano ali pra trás.
Eu tenho uma coisa a dizer. APROVEITEM. Todos falam isso, e vocês não imaginam porque. Vocês não entendem durante 10 meses, o motivo real dessa palavra. Não conseguem entender, até estar num avião voltando pra casa. Esqueçam de tudo e vivam. Se entreguem. Sejam felizes. E confiem em mim, as lágrimas de agora, essas de sair do Brasil, deixar a família.. serão muito piores quando vocês estiverem lá, deixando o seu país.
Desejo muita sorte nesse ano! Muita felicidade e realizações.
obs: principalmente pra quem vai pra Itália! Aproveitem!!!

Você ou eu

Sempre gostei do impossível, do improvável. Sempre achei que mais importante que a batalha era a vitória. Nunca gostei do normal. Nunca gostei de agradar ninguém, mas também nunca gostei que me agradassem. Sempre tive um sexto sentido para aventura. E sempre gostei do novo. Adoro a sensação que um primeiro dia me trás no estomâgo. Coleciono sensações. Detesto ficar parada, mas também detesto muito movimento.
Coleciono imagens, memórias, planos e pessoas. Não só os bons, não só as boas. Ao contrário de outras pessoas no meu filme mental passa sempre os fracassos, as vergonhas. Não tenho a personalidade fácil e muito menos fraca. Sempre fui mais feliz sendo eu mesma e colecionando inimigos ou não amigos que sendo um personagem que agradasse a todos. Sempre gostei de pensar sobre o futuro, planejar nos mínimos detalhes, imaginar cenas. Isso se chama ilusão. E na maioria das vezes, resulta em frustração. E eu coleciono milhares dessas.
Gosto do difícil. Gosto de mudar. E aprendi a gostar de agradar, mas também gostei de ser agradada. E descobri que mudar é bom. E foi assim que aconteceu.
Rótulos são coisas difíceis de se tirar. Como naquele ditado : " fez a cama, agora deita. ". Fui embora com a sensação de nova vida, com a sensação de liberdade e ausência desse rotulo. Não tinha planos, não tinha imagens formadas, meu futuro já não era ditado. Tinha a sensação de cumprir um dever, mudar, arriscar e acima de tudo errar. E fui assim, aproveitando a oportunidade de segunda chance que os céus, Deus ou quem quer que sejam me haviam concedido.
Do dia 7 de setembro ao dia de hoje 3 de agosto, eu mudei. Muitos acham que não. Outros tantos imaginam que isso seria impossível. Eu também achei. Se me perguntassem " o que você mudou" não saberia responder, mas com certeza convidaria a descobrir. Foi isso, descoberta. Auto conhecimento. Eu gostei. Gostei de agradar, gostei de colecionar amigos, gostei de ser feliz, gostei de ser divertida. Gostei de ouvir um : vamos sentir saudades. E gostei mais ainda do amor. Porque foi isso o que eu conquistei lá. Amor. E as os derivados : vínculos, laços, amizades, família.
Não sei onde vou chegar, mas eu sei de onde saí. E isso é o importante. Porém, aqueles dos rótulos eu aconselho, larguem eles para lá. Julgar não é ser feliz, é só uma forma de se iludir e fingir que os seus erros não existem. E sobre segundas chances, elas existem. Esquecer o passado talvez seja tão difícil quanto não imaginar o futuro. Só arrisquem. E mesmo que não dê certo, vocês colecionam erros que se transformam em lições. E quem não gosta de aprender?