segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009


Natal nunca foi uma data muito importante pra mim. Acho que no fundo eu nunca tinha entendido aonde estava aquela magia toda que muitos sentem ou que vejo em filme. Na realidade, nunca entendi que o verdadeiro espirito natalino é estar ao lado das pessoas que se ama. Hoje eu sei.
Meu natal foi uma natal .. diferente. Um pouco triste mas com alegria ao mesmo tempo. Foi até agora a data em que eu realmente mais senti saudades da minha família e que mais me doeu estar longe. Tiver pelo menos a sorte de participar de uma ceia virtual como mostra essa foto aí em cima. Pude ver uma coisa que fazia tempo que eu não via, minha família como família, unida, feliz. Esse foi sem dúvidas o maior presente de Natal que eu poderia ganhar na vida, talvez esse tenha sido o meu maior presente nesse ano inteiro. Mais uma vez eu recebo lições valiosas e cada dia mais enxergo valores que eu muitas vezes deixava passar. Entendi também que muito mais que pedir presentes é agradecer aqueles que a gente vai ganhando ao longo do ano e as vezes deixa passar, não percebe.
Esse ano foi um ano de muitos presentes na minha vida. Não posso dizer um por um, ficaria anos aqui. Mas acho que eu devo agradecer muito a Deus pelas oportunidades que Ele têm colocado na minha vida e as pessoas que foram colocadas no meu caminho. Tive a oportunidade de viver um pouco o natal no frio, com música natalina na rua; os enfeites de natal; o espirito natalino.. sabe aqueles natais de filmes? Me senti em um deles. Preciso agradecer também essa "família" maravilhosa que me acolheu muito bem e tem feito da minha experiência a melhor possível. Ganhei uma segunda mãe, um irmão, uma segunda irmã.. são com certeza pessoas que eu vou guardar pra sempre no meu coração e não vou deixar ir embora nunca da minha vida.
Desejo pra vocês um 2010 maravilhoso. Com deus iluminando sempre o caminho de cada um, muita saúde, perseverança, paz e amor. Que esse novo ano seja o momento de realmente fazer diferente e que se Deus quiser vai ser exatamente como o meu horoscopo está me dizendo, hahaha. FIQUEM COM DEUS SEMPRE !!!
Estou viajando dia 28 e volto dia 2. Quando voltar conto tudo, posto fotos.. e agora vou indo, pra aproveitar meus últimos dois dias de italiano. Porque a partir do dia 28 eu falo só português com muuuuuito guaraná.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Francesco : è bonito patinar sobre o gelo. você sabe fazer isso bem?
Eu : não, as brasileiras são boas com o fogo, e não com o gelo
Francesco : WOW, nunca mais diga isso
Eu : porque?
Francesco : porque com o fogo não se brinca
Eu : nem com as brasileiras..


Conversas profundas de um domingo a noite.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Prematuro

São exatamente 6h da manhã agora, faz pelo menos 1 hora que eu estou me revirando na cama pensando em coisas absurdas que não saiem do meu pensamento. Talvez não seja possível eu contar exatamente como eu me sinto, ou como as coisas têm acontecido nas últimas semanas. Pra falar a verdade, nem parece que só tem 3 meses que eu estou aqui. Só sei que um sentimento está me acabando comigo, uma coisa muito prematura pra se pensar considerando que faltam ainda 7 meses pra ir embora. Exatamente isso, ir embora daqui.
É meio absurdo ouvir planos de férias dos meus amigos ou o que vai acontecer nos anos futuros e não poder dizer : também vou. É ruim do mesmo jeito ver algumas pessoas com medo de se aproximar porque sabem que daqui a um tempo estou indo embora e que vão sofrer. Pior ainda é escutar meus amigos dizendo como vão sentir minha falta e como não imaginam como vai ser sem mim. Não sei se alguém percebeu, mas esse mesmo discurso aconteceu alguns meses atrás, só que em outra língua, em outro hemisfério.
Meu sentimento de culpa tem a ver com a vontade de não ir embora. Mas tem também o medo de ir embora. Clichê demais, eu sei, dizer o quanto estou mudando e crescendo e amadurecendo e tudo mais.. aquela historia de intercâmbio é só farra, tem o seu lado verdadeiro. Afinal, o que vocês vêem por aí são as fotos com sorrisos, bebidas e gente legal. Daí vocês pensam : como esse pessoal que tá lá, sem estudar, sem fazer nada, só se divertindo tem coragem de chorar com saudades e querer ir embora? O lado difícil, pesado da coisa, ninguém sabe. Talvez imaginem, os mais presentes quando escutam o choro e as reclamações, uma hora cansa, quem do outro lado, que não entende nada do que está acontecendo vai querer ouvir seus problemas? Ainda mais problemas que se você não consegue resolver, ele do outro lado do oceano que não vai conseguir né...
Voltando a parte do medo de ir embora e de quem estou me tornando. Tem tudo a ver com o fato de que talvez, muito mais pra certeza, quando você muda tudo ao seu redor deveria também mudar, certo? Errado. Eu mudei, mas o lugar continua o mesmo e talvez esse lugar já não me pertença. É.. o problema não é o lugar, o problema sou eu. Não vou me culpar. São 3 meses em outra cultura, com outros hábitos, com outras pessoas. Num momento sou completamente dependente dos meus pais, tenho um namorado, amigas, uma escola. Preciso passar de ano, me preocupar com um vestibular que ainda tá pra acontecer, alguns churrascos e pronto, tá aí o meu ano. Em um curto prazo de 4 dias entre pegar um avião e aterrizar num aeroporto eu me deparo com uma vida completamente independente, onde adolescentes de 14 anos tem scooters e podem ir pra onde quiserem, com boates a 5min da minha casa, uma cultura onde você sai todos os dias, incluindo dias de semana. Tá aí. E aí? Como eu faço? Prematuro né?! Talvez eu já tenha escutado esse discurso.. e a saudade onde fica? E os seus amigos, sua família, o namorado que você deixou pra trás? Bate o sentimento de egoísmo, de até desprezo..
Saudade, dá e muito. Só que a gente cresce, ou deveria crescer. Todo mundo cresce, de jeitos diferentes. Talvez eu cresça de uma forma diferente.. talvez eu não precise entrar pra faculdade, tirar carteira, começar a trabalhar e me bancar sozinha pra crescer. Talvez sem querer ou querendo, eu cresci o mesmo tanto em 3 meses. Sabe como é né? Você administrar o seu dinheiro, você fazer seu horário, você cuidar de você sozinha, você não ter ninguém pra chorar no ombro, ter que descobrir sozinho em quem confiar ou não, resolver seus problemas sem seus pais, depender totalmente de você.. Muita gente não sabe como é isso. Eu até 3 meses atrás também não sabia. Daí vem a parte, e todos os amigos que ela diz ter? Porque ela tá lidando com tudo isso sozinha? Entra a parte da cultura. Entra a parte também, que eles não entendem isso assim como aqueles amigos deixados no Brasil também não entendam. Quem está vivendo isso? Nem mesmo seus orientadores podem te ajudar. Eles não entendem. Eles podem ter vivido e passado pela experiência do intercâmbio, mas nunca a experiência é a mesma. A minha nunca vai ser igual a de ninguém e vice-versa!!
Acho que é difícil viver construindo uma coisa sabendo que você vai ter que deixar pra trás.. é difícil viver desse jeito. As vezes a gente pensa : " isso não importa, pra que vou criar uma coisa se daqui a um tempo não vai ser mais minha?". Tudo muda. E vou exemplificar com coisas banais como começar a comer com um braço apoiado na mesa, uma coisa que você nunca fez e um dia você olha seu "pai" e seu "irmão" e percebe que você aprendeu isso com eles. Como por exemplo não existir outra bebida na sua casa que não seja água, ou comer frutas depois do almoço todos os dias, ou comer pasta todos os dias, ou mesmo ter as mesmas manias que as pessoas ao seu redor.. Esses dias a Abby veio aqui pra casa, a gente tava se arrumando pra ir pra uma boate e minha "mãe" tava ajudando a gente, e ela disse : " questo è veramente un problema" .. e a Abby olhou pra mim e disse : " agora eu entendi porque você sempre fala essa frase.. você fala como ela".
Não pensem que sou egoísta, ou qualquer coisa do tipo. Eu sinto saudades, esse sentimento é só medo de não pertencer mais ao lugar que você era, por ser uma pessoa diferente. O sentimento continua o mesmo, o carinho, o amor, a amizade, tudo isso. É só que as coisas mudam, a gente muda.. seilá. Pode parecer ridículo todo esse discurso, me faz mal pensar essas coisas. Principalmente agora assim de manhãzinha. Mas eu precisava dividir isso.

Saudades!
Mari